Sempre fui aquela criança levada que gostava de brincar e o adolescente que jogava futebol, ou seja, ler nunca esteve nas minhas prioridades [quando era pequeno achava que se eu guardasse muita coisa na cabeça, iria “gastar” a memória. Rs]. E olha que não foi por falta de referência em casa, já que Papy sempre foi devorador de jornais e revistas e Mamy de livros em geral.
Mas a vida me fez um bom leitor. Quando você é de Humanas você tem que ler muito pra saber sobre as guerras e acontecimentos em História e demografia e clima em Geografia; e quando você resolve trabalhar com Marketing, você precisa mergulhar na leitura diária pra se atualizar sobre o que está acontecendo no mercado. E isso se tornou um hábito [ufa!]. E esse hábito tem me ajudado a adquirir conhecimento — ainda mais na minha área onde as coisas mudam a todo o momento.
Pra ilustrar bem esse cenário, o Lucas da Méliuz falou durante o Rock, Marketing e Cerveja — que eu tive o prazer de participar junto com ele e os amigos Diego (Rock Content) e Guilherme (Gama Academy) — algo que me marcou:
Em muitas áreas/profissões os processos e transformações, ocorrem de maneira gradativa. No marketing, não. Se 4 anos atrás um profissional de Marketing decidisse tirar um período sabático e voltasse a trabalhar hoje, provavelmente ele não saberia o que fazer. O que dá certo hoje, pode não funcionar amanhã.
O profissional de Marketing moderno precisa estar sempre buscando conhecimento para se atualizar num contexto cada vez mais dinâmico e volátil [o Gui Valgas escreveu mais sobre isso nesse artigo fantástico].
Pra mim, ler ainda é uma das melhores formas de se buscar conhecimento. Mas não é a única… Você já parou pra pensar o quanto um diálogo pode te acrescentar? Pois é amigo: você nunca perde conversando com as pessoas. Ouvi essa frase do Gustavo Caetano em 2015 e transformei essas palavras em um dos mantras que eu sigo na minha vida.
Qual foi a última vez que você conversou com seu par de uma outra empresa? Qual foi a última vez que você fez um novo amigo? Qual foi a última vez que você procurou um familiar para pedir ajuda? É impressionante o quanto essa resposta nos escancara uma dura realidade: estamos vivendo numa “bolha” — as vezes por ser cômodo ficar na zona de conforto, às vezes por orgulho mesmo. Pra mim, viver é a arte de se relacionar e a base para isso é interação, contato e relacionamento.
E nessa arte de se relacionar um ponto é fundamental: ouvir. O Gustavo fala sobre isso no seu livro Pense Simples [recomendo! Já é best seller e toda a renda do autor vai para o Instituto Ayrton Senna]:
É fundamental praticar a escuta ativa. Isso quer dizer que quando você está conversando com alguém, preste atenção de verdade naquela pessoa. […] A escuta ativa acontece quando você vive o momento da conversa intensamente e demonstra a seu interlocutor que está disposto a entender, de verdade, o ponto de vista, as inquietações e os problemas dele. Ao ouvir as pessoas você consegue não só adquirir conhecimento, mas passa a compreender como a pessoa transformou o conhecimento que adquiriu — que ela pode ter adquirido também através de uma conversa — em experiências, ações e principalmente sabedoria. É possível absorver tudo isso através de leituras? Claro. Mas, pra mim, nada vai substituir uma interação, seja teti-a-teti ou à distância.
O ato de conversar com as pessoas se tornou um costume e tento sempre me apegar a isso nas situações que vivo no dia a dia, sejam profissionais ou pessoais. Algumas tem me marcado e resolvi refletir sobre elas:
1-on-1 meetings: Esse nome chique em inglês quer dizer reuniões individuais com as pessoas da sua equipe [mais sobre esse tema nesse artigo]. Sou próximo do meu time e tenho um orgulho danado disso. Sempre tentei criar um canal para que as conversas fossem as mais diretas e transparentes possíveis. Mas desde que eu comecei a fazer os 1-on-1s ficou claro o quanto uma simples conversa individual pode fazer a diferença. Conversar de forma sincera e clara com meus funcionários tem me ajudado não só em entender melhor seus objetivos de carreira, de vida e suas dificuldades, mas a me tornar um líder melhor. No final das contas acaba sendo uma troca grande: eles acham que somente eu estou ajudando, mas quem saí preenchido de cada papo desses sou eu. Somos mais de 15 e ainda faço os 1-on-1s com apenas alguns. Mas meu objetivo é expandir para todos na área.
Reunião de Marketing com meus pares: 1x por mês eu me reúno com os líderes das áreas de Marketing de outras startups aqui de BH. Isso é fantástico! Essa reunião é o momento da gente ter um papo franco, contar os bastidores, compartilhar sobre nossos projetos, aprendizados, expor as experiências e desafios que estamos enfrentando no momento. Eu sempre saio com algum aprendizado de todas as reuniões — e é impressionante o quanto faz bem ter pessoas que vivem os mesmos problemas que você simplesmente te ouvindo e tentando te ajudar [Tamo junto: Hank, Dani, Alexandre, Thiago, Pedro, Gustavo e agregados].
Participar de eventos pela Samba: Nos últimos meses tenho tido experiências incríveis de falar em eventos diversos sobre a Samba, Marketing e Cultura. Duas coisas sempre me marcam em cada um desses momentos: as resenhas pré e pós apresentação, onde eu tenho a oportunidade de conversar com gente muito bacana e aprender com elas; e os feedbacks sobre o conteúdo, principalmente quando consigo compartilhar algum conhecimento que a pessoa já pode aplicar. No final das contas esse networking e essas trocas são o que mais me agrega.
Pedir ajuda: Ano passado uma das minhas metas foi pedir mais ajuda: expor meus desafios, minhas angústias. Não foi fácil, mas foi essencial. Quando você se permite abrir e ter uma conversa com um amigo, um familiar, sua namorada, você já deu o primeiro passo que é aceitar que o apoio e opinião de quem você confia é importante e pode te ajudar. Tenho exercido esse hábito sempre que vejo que o “caldo vai entornar” e tenho visto o quanto isso tem contribuído para a minha descarga emocional. Pode ser que a pessoa vá só te ouvir — o que pode ser ótimo também, porque só o ato de contar pode te ajudar a tirar o “peso das costas”, mas normalmente esses desabafos são regados à muita conversa, troca, conhecimento e opiniões que muitas vezes vão te mostrar um caminho que você não está enxergando porque está engolido pela situação [Obrigado, Mamy por me mostrar esse caminho; e obrigado aos muitos amigos que sempre estão comigo, em especial Juju, Flavão e Lucas].
Buscar conhecimento é essencial para você evoluir, ainda mais num contexto tão dinâmico e incerto como o de hoje. Só que mesmo com tanta volatilidade temos o privilégio de viver numa era em que a informação está disponível e de fácil acesso através da internet. Ou seja, nunca foi tão fácil adquirir conhecimento [tenho certeza que muita gente ainda tem a coleção a Barsa em casa! Esse era o “Google” da época].
Só que num mundo cada vez mais digital estamos nos afastando um dos outros, nos escondendo atrás dos nossos computadores e smartphones e evitando o contato — e aí estamos perdendo a essência da vida: se relacionar. E ao deixar de se relacionar estamos perdendo uma excelente oportunidade de adquirir conhecimento. Pode ser que uma conversa não vá te agregar… é verdade, mas acredite em mim, dificilmente você vai perder.
E aí, bora bater um papo? 📷
Fonte: medium.com
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